"Juízes" brasileiros em crise diplomática internacional

Rubio mira no Judiciário brasileiro para reforçar postura dos EUA sobre direitos humanos.

Supremo Tribunal Federal no ano de 2025 - foto: Fellipe Sampaio/STF.
Supremo Tribunal Federal no ano de 2025 - foto: Fellipe Sampaio/STF.
O Secretário de Estado, Marco Rubio, anunciou, em 18/07/2025, a revogação dos vistos de entrada de Alexandre de Moraes, de seus aliados (Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia, Edson Fachin, Gilmar Mendes e Paulo Gonet) no Supremo Tribunal Federal (STF) e de familiares imediatos, numa ação descrita como retaliação a uma “caça às bruxas” política contra o ex‑presidente Jair Bolsonaro. Os únicos ministros do STF cujos vistos não foram revogados são: André Mendonça, Luiz Fux e Nunes Marques. A decisão provocou ampla repercussão, como um marco sem precedentes nas relações bilaterais.

The Washington Post salienta que a medida escalou uma disputa diplomática, ressaltando que Rubio justificou a revogação pelos poderes extraterritoriais que o STF teria exercido e por ordenar monitoramentos e restrições a Bolsonaro. O jornal também destaca comentários de especialistas que alertam para o risco de sanções de visto se tornarem instrumento de pressão política seletiva.

Reuters foca na reação do governo brasileiro, citando declarações do presidente Lula, classificando a ação como “ofensa à soberania nacional” e lembrando que decisões unilaterais podem gerar retaliações recíprocas em fóruns multilaterais como ONU e OEA. A agência também reporta o posicionamento do Itamaraty, que reconhece o caráter soberano da decisão norte‑americana, mas enfatiza a necessidade de reciprocidade no tratamento de autoridades.

Al Jazeera enfatiza o simbolismo da medida, apontando que, pela primeira vez, o governo dos EUA impôs sanções pessoais a um magistrado brasileiro em plena vigência de seu mandato, descrevendo a iniciativa como “um alerta sobre os limites do poder judiciário” e seu alcance internacional.

The Guardian contextualiza o episódio no embate entre as alas conservadoras do Brasil e dos Estados Unidos, lembrando que o movimento de Rubio ocorre pouco após o presidente Donald Trump anunciar tarifas de 50% sobre importações brasileiras e em meio à acusações de que Bolsonaro estaria sendo alvo de “perseguição política”. O jornal britânico vê na estratégia norte‑americana uma tentativa de proteger aliados de Trump e de influenciar processos judiciais estrangeiros.

Diante do acirramento das tensões, analistas preveem que os desdobramentos poderão incluir novas medidas de retaliação bilateral, afetando desde vistos diplomáticos até acordos comerciais e de segurança. O caso reforça o papel das sanções de visto como ferramenta de política externa e adiciona um elemento de incerteza à já complexa relação Brasil–EUA.
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